Se você trabalha com SEO, provavelmente já ouviu falar nas buscas comerciais, navegacionais e informativas, que são grupos que classificam a motivação de alguém ao pesquisar. No ChatGPT, as intenções de busca são bem diferentes e algumas nem existem nos buscadores tradicionais.
As informações estão em um artigo publicado em setembro de 2025 por pesquisadores da OpenAI e do National Bureau of Economic Research, dos EUA. É um working paper, ou seja, um trabalho preliminar e ainda em construção.
Foram analisadas cerca de 1,5 milhão de conversas, de julho de 2024 a abril de 2025, para entender os perfis que mais usam a IA e o que exatamente eles buscam.
Entendendo as intenções de busca no ChatGPT
Em SEO, intenção de busca é o motivo pelo qual alguém abre um buscador (ou a IA, nesse caso). Para que um conteúdo tenha visibilidade, deve estar alinhado com a intenção de cada pesquisa.
Por exemplo: se alguém digita “ingressos Coachella” no Google, provavelmente quer ver preços ou comprar. Logo, um “guia completo de como comprar ingressos para o Coachella” não será exibido, por melhor que seja o conteúdo, pois esse tipo de texto tem outra intenção de busca.
Quem pesquisa “ingressos Coachella” provavelmente quer comprar. Quem digita “dúvidas sobre ingressos Coachella” quer um guia, aí esse texto pode aparecer.
O artigo da OpenAI não adota este conceito de intenção de busca, como estamos acostumados a ver quando estudamos SEO. Porém, classifica as conversas de acordo com o tipo de prompt e o tópico das conversas.
Pensando nesses conceitos juntos, aí sim torna-se possível estabelecer conexão com o conceito de intenção de busca, com o qual estamos mais acostumados.
Os tópicos das conversas no ChatGPT
Os pesquisadores usaram classificadores internos para dividir as conversas em uma espécie de taxonomia, com 24 categorias de uso.
Primeiro, eles estabeleceram os tópicos principais das conversas. Depois, especificaram as subcategorias que existem dentro deles. Combinadas, essas definições expressam claramente o que as pessoas estão pesquisando e quais tarefas querem realizar.
Veja abaixo, em tradução feita por mim:
Tópico
Categoria da conversa
Escrita
Editar ou criticar texto fornecido Escrita pessoal ou comunicação Tradução Geração de argumento ou resumo Escrever ficção
Orientação prática
Conselhos de “como fazer” Tutorial ou ensino Sugestões criativas Saúde, condicionamento físico, beleza ou autocuidado
Ajuda técnica
Cálculo matemático Análise de dados
Programação
Programação de computadores
Multimídia
Criar uma imagem Analisar uma imagem Gerar ou recuperar outras mídias
Busca por informação
Informação específica Produtos disponíveis para compra Culinária e receitas
Autoexpressão
Saudações e conversa casual Relacionamentos e reflexão pessoal Jogos e interpretação de papéis
Outro/Desconhecido
Perguntar sobre o modelo Outro Incerto
Os principais tópicos no período analisado foram escrita, ajuda prática e busca de informações – esse último é o principal motivo que leva alguém a abrir o Google.
A pesquisa sugere outra diferença importante em relação às buscas tradicionais: a flexibilidade e a capacidade de produzir, como mostra o trecho abaixo, traduzido por mim.
[…] A capacidade de produzir textos, códigos de software, planilhas e outros produtos digitais distingue a IA generativa das tecnologias existentes. O ChatGPT também é mais flexível que a busca na web, mesmo para aplicações tradicionais como Buscar Informações e Orientação Prática, porque os usuários recebem respostas personalizadas (por exemplo, planos de treino sob medida, novas ideias de produtos, sugestões de nomes para times de fantasy football) […]
As intenções de uso do ChatGPT
Além dos tópicos das conversas, os pesquisadores também usaram classificadores internos para entender os tipos de prompt mais usados.
Eles chegaram a três categorias principais: perguntas, realização de tarefas e autoexpressão.
As definições, traduzidas por mim, são:
Pergunta: Buscar informações ou conselhos que ajudem o usuário a estar mais bem informado ou a tomar melhores decisões, seja no trabalho, na escola ou na vida pessoal. (ex.: “Quem foi presidente depois de Lincoln?”, “Como faço um orçamento para este trimestre?”, “Qual foi a taxa de inflação no ano passado?”, “Qual é a diferença entre correlação e causalidade?”, “O que devo observar ao escolher um plano de saúde durante a inscrição aberta?”).
Fazer: Mensagens de “fazer” solicitam que o ChatGPT execute tarefas para o usuário. O usuário está redigindo um e-mail, escrevendo código etc. Classifique mensagens como “fazendo” se incluírem pedidos de resultados criados principalmente pelo modelo. (ex.: “Reescreva este e-mail para deixá-lo mais formal”, “Elabore um relatório resumindo os casos de uso do ChatGPT”, “Produza um cronograma de projeto com marcos e riscos em uma tabela”, “Extraia empresas, pessoas e datas deste texto para um CSV.”, “Escreva um Dockerfile e um docker-compose.yml mínimo para este aplicativo.”).
Expressar:Mensagens de “expressar” não são pedidos de informação nem de execução de tarefas pelo chatbot.
Os prompts que pedem para o ChatGPT fazer algo estão, geralmente, relacionados a uma tarefa ou processo produtivo. Já as perguntas estão relacionadas a facilitar um processo de decisão. Os prompts de autoexpressão têm pouco ou nenhum conteúdo economicamente relevante.
Perguntas são disparadamente o tipo de prompt mais comum:
Conversas relacionadas a trabalho
A pesquisa demonstrou que a maioria das conversas não é relacionada a trabalho.
Os pesquisadores usaram um modelo que analisa a probabilidade de um prompt estar relacionado a alguma atividade profissional, por meio do texto que está nas mensagens enviadas.
Como resultado, vemos um maior crescimento do uso pessoal do ChatGPT desde 2024:
Quanto às intenções de uso, os prompts para fazer a realização de tarefas são os mais comuns nas mensagens relacionadas à trabalho:
Os pesquisadores classificam as funções do ChatGPT associadas à trabalho em:
Obter, documentar e interpretar informação;
Tomar decisões, receber conselhos, resolver problemas e pensar criativamente.
Os prompts mais relevantes para SEO
Os resultados da pesquisa reforçam comportamentos que já eram observados anteriormente no mercado, como a realização de tarefas e a preferência por resultados mais diretos e personalizados.
Para quem trabalha com SEO, os tipos de prompts mais relevantes são as “perguntas”. Neste tipo de prompt, é mais provável que o ChatGPT consulte a web. Caso o seu site seja citado na resposta, há chance de você receber tráfego.
Isto acontece apenas para perguntas complexas. As mais simples e diretas são respondidas com dados internos da LLM. Portanto, seu conteúdo deve focar no que há de mais novo ou específico.
Para prompts do tipo “fazer” e “autoexpressão”, possivelmente o ChatGPT usará ferramentas internas, capazes de concluir a tarefa ali mesmo, dentro da IA. No máximo, seu site será acessado por um agente de IA, caso a pessoa selecione essa opção.
Kevin Indig, especialista em SEO, sugere adicionar ferramentas ao seu site também. Se você for capaz de oferecer mais qualidade, rapidez e confiança do que o ChatGPT, tende a ganhar mais autoridade no mercado.
É importante entender que nem todo prompt pode ser respondido com conteúdo do seu site. Observar as novas intenções de busca é um caminho para entender em detalhes onde e como você deve estar presente.
No mais, a estratégia geral segue a mesma: avaliar os resultados do seu site e fazer testes para entender o que performa melhor nas interfaces generativas. Estudos como este, da OpenAI, trazem resultados interessantes, mas não devem ser o guia geral da sua estratégia.
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Elyson Gums é redator na SEO Happy Hour. Trabalha com redação e produção de conteúdo para projetos de SEO e inbound marketing desde 2014, em segmentos B2C e B2B. É bacharel em Jornalismo (Univali/SC) e mestre em Comunicação Social (UFPR).
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