Karine Sales
Jornalista e criadora de conteúdo digital, atua há mais de 8 anos desenvolvendo estratégias e textos otimizados para blogs, sites e redes sociais.
Karine Sales
Atualizado em 26/09/2025
9 min de leitura
Abri minha caixa de e-mails hoje e, perdido no meio da pasta de promoções, estava um convite para testar o Comet, navegador da Perplexity lançado em julho deste ano — mas com acesso restrito a alguns grupos específicos.
O grande diferencial do Comet para outros navegadores é que ele já foi projetado com diversas integrações com IA.
Eu não sou assinante do Perplexity e vi que o navegador foi liberado para diversas pessoas em 22/09/2025, então eu devo ter entrado nessa leva.
Vale dizer que eu tinha me inscrito no site da Perplexity para receber um convite quando fosse possível.
A seguir, te conto como foi minha experiência usando o navegador de IA.
Após fazer o download e instalar o navegador, ele abre uma tela toda inspirada em galáxias e espaço sideral. Tem até uma música relaxante ao fundo. Fiz o login com minha conta da Perplexity e comecei a explorar o navegador.
Logo no início ele já mostra essa janela com algumas opções de tarefas que você pode pedir para o Assistente de IA do Comet fazer para você. Algumas das opções que estão neste quadro são:
Eu acredito que a maioria dessas tarefas vai depender do local em que você está usando o navegador. Claro, também há outros fatores envolvidos, como se os sites citados vão ser corretamente lidos pela IA e se você deu as permissões necessárias para executar uma ação.
Eu testei algumas funções do navegador, que são as que eu realmente usaria no meu dia a dia, e compartilhei como foi a seguir.
Eu pedi para a IA criar uma playlist com músicas eletrônicas que me ajudassem na concentração. E o pedido falhou, porque segundo a Perplexity, tal ação exigiria login no Spotify e ele ainda não tem permissão para isso.
Eu imaginei que não seria possível, mas essa era uma das opções de pesquisa que o navegador deixa fixada na tela inicial, no bloco “Experimente o Assistente do Comet”. Então tentei, mas não deu certo. No entanto, ele cita algumas músicas para você criar a playlist manualmente.
Por padrão, assistentes como este são configurados para não fazer login por motivos de segurança, exceto em ambientes educacionais, em que o acesso é seguro, monitorado e autorizado pela instituição.
Em seguida, pedi para a IA me ajudar a limpar a caixa de e-mails. Ela solicitou permissões de acesso ao Gmail, eu forneci, mas ainda assim ela não conseguiu executar a função propriamente. A justificativa foi uma falha na conexão.
No dia seguinte eu pedi para a IA fazer uma nova tentativa, e dessa vez sim ela foi bem-sucedida. Foram mais de 800 e-mails excluídos em cerca de 10 minutos. Perguntei quanto tempo levou, mas ela não foi específica. Achei interessante que ela explicou como realizou a tarefa.
Já na tarefa de resumir um vídeo, o Comet acertou também! Apesar de ter demorado bastante para completar o resumo, ele fez tudo conforme o esperado quando pedi para resumir um vídeo sobre vitamina B12.
Outra função que testei, e que tenho usado bastante as plataformas de IA ultimamente, é ler as principais notícias do dia.
Aqui, ele trouxe uma lista com base na minha localização atual (Portugal), mas com diferentes subtemas, inclusive destaques internacionais.
Seguindo para as amenidades, o Comet conta com um jogo, o WormHole. Nele, você deve direcionar o cometa a um buraco negro, para assim encontrar novas galáxias. Mas para isso, precisa desviar dos planetas, que podem atrair ou repelir o cometa.
Achei o design bonito, e até divertido para passar um tempinho, mas é bem bobinho 😅
E como acontece nesses lançamentos, algumas traduções se perdem no caminho.
Dentro do navegador, você pode escolher widgets para deixar na sua página inicial, entre eles o sticky notes (aquelas notas adesivas). Mas na versão em português, colocaram o nome de pegajoso:
Eu gostei da experiência de usar o Comet. Achei intuitivo, bonito, divertido e útil. Com certeza, a tarefa mais legal foi conseguir fazer uma boa limpeza na minha caixa de e-mails, algo que eu já vinha tentando fazer manualmente há algum tempo.
Ainda assim, vejo toda essa experiência prometida por “agente de IA” um pouco nebulosa. Muitas das ações mais revolucionárias, como fazer compras automaticamente, ficam restringidas aos EUA, sem previsão ainda de quando chegarão a outros países e, principalmente, como será a logística neles.
Além disso, o que mais me preocupa é a questão da segurança. Não sei ainda quais são os riscos de autorizar permissões e de confiar no navegador.
Como profissional de Conteúdo e SEO, eu sempre gostei bastante do Perplexity em comparação com outras plataformas de IA, porque ele sempre cita as fontes das suas respostas com hiperlinks fáceis de acessar. Assim, é mais simples se aprofundar em um assunto ou conferir a fonte para saber se a informação da IA está correta.
A princípio, não. Além da minha falta de confiança quanto à segurança do navegador, outra coisa que me incomoda e seria difícil acostumar é a… falta do Google. 😅
Quando eu estou lendo algo em um site, costumo selecionar uma palavra e pesquisar com o Google, para tirar uma dúvida ou explorar mais um assunto. Depois de anos usando o Chrome, é óbvio que me acostumei com o layout de resultados do Google, que mostra: produtos para comprar, imagens, definição, além dos resultados em si.
No Comet, ao executar essa busca, eu vou parar em um chatbot do Perplexity. Que não tem imagem, não tem opções de compra, só a definição… Isso vai atrapalhar bastante o meu dia a dia.
Então, por enquanto, o Comet ainda não vai ser meu navegador padrão, mas quero continuar explorando a ferramenta nos próximos meses e ver como ela vai se desenvolver.
A seguir eu te conto um pouco mais sobre esse projeto da Perplexity que é o Comet e o impacto desses navegadores de IA na estratégia de SEO das marcas.
O Comet da Perplexity é um navegador equipado com inteligência artificial, desenvolvido para funcionar como um assistente pessoal que automatiza tarefas, pesquisa informações na web, organiza e-mails e interage com o que está na tela, tudo de forma integrada e proativa.
Ele está disponível para Mac e Windows, é baseado no Chromium (a mesma base do Chrome) e utiliza os recursos avançados de IA da Perplexity para transformar a navegação tradicional em uma experiência mais inteligente e focada em produtividade.
O lançamento do Comet foi uma resposta direta ao domínio do Google (que inclusive foi considerado culpado por monopólio do mercado de buscas nos Estados Unidos).
Em vez de ser “apenas” um chatbot que opera dentro de outros navegadores, lançar o próprio browser permite que a Perplexity integre profundamente a IA ao cotidiano dos visitantes, com menos restrições da arquitetura de terceiros, e, claro, com a construção de uma boa base de dados dos usuários.
A Perplexity não é a única com um navegador próprio integrado à IA. A OpenAI, responsável pelo ChatGPT, também quer lançar seu próprio browser.
A Microsoft com o Edge tem integrado IA também para melhorar a experiência do navegador. E o Google lançou diversas atualizações no Chrome em setembro de 2025, inclusive com Modo IA diretamente na barra de endereços, assim como funciona a Perplexity no Comet.
Navegadores de IA como o Comet têm potencial para transformar profundamente o cenário de SEO porque modificam como as pessoas consomem, pesquisam e interagem com conteúdos na web.
Ao oferecer resumos automáticos de páginas, respostas contextuais e geração de insights em tempo real, esses navegadores reduzem a nossa dependência de clicar em sites ou percorrer grandes volumes de resultados, o que pode impactar negativamente o tráfego orgânico tradicional.
Assim, sites que oferecem informações bem estruturadas tendem a se destacar, porque serão citados com mais frequência pela IA, enquanto conteúdos complexos ou mal otimizados podem perder visibilidade. Isso acontece porque fica mais fácil para a IA interagir com conteúdos que ela consegue acessar e entender.
Além disso, a personalização trazida pelos navegadores de IA pode alterar completamente o funil de descoberta, tornando a busca mais adaptada a perfis individuais, diminuindo o impacto do SEO genérico e incentivando abordagens mais personalizadas.
A ascensão dos navegadores com IA pressiona profissionais de SEO a repensar estratégias, investindo em acessibilidade de dados, clareza e adaptação constante às novas formas de interação digital. Esta realidade exige experimentação contínua, análise de comportamento em IA e atenção à qualidade e estrutura do conteúdo publicado.
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