Karine Sales
Jornalista e criadora de conteúdo digital, atua há mais de 8 anos desenvolvendo estratégias e textos otimizados para blogs, sites e redes sociais.
Karine Sales
Atualizado em 03/09/2025
8 min de leitura
Em uma decisão aguardada, o juiz federal Amit Mehta decidiu que o Google não será obrigado a vender seu navegador Chrome como parte das penalidades por manter um monopólio no mercado de buscas online.
O juiz rejeitou as medidas mais radicais propostas pelo Departamento de Justiça (DOJ), argumentando que isso seria incrivelmente complicado e arriscado, podendo prejudicar o produto e os consumidores.
O Google poderá continuar pagando parceiros (como Apple e Mozilla) para ser o motor de busca predefinido em navegadores e dispositivos. Porém, agora está proibido de fazer acordos de distribuição exclusivos para seus produtos de busca e IA. Além disso, terá que compartilhar dados de busca com os concorrentes.
Será que o Google realmente saiu punido desta batalha? 🤔
A seguir vamos relembrar o caso, conferir a lista de decisões do governo e como tudo isso pode afetar o mercado de SEO.
O processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos contra o Google acusava a empresa de manter um monopólio ilegal no mercado de buscas online e em publicidade, violando a Lei Sherman Antitrust.
Antitruste é um conjunto de leis e políticas voltadas a promover a concorrência nos mercados e impedir práticas que possam formar monopólios ou diminuir a livre competição.
A acusação central era de que a big tech utilizou práticas anticompetitivas, especialmente acordos de exclusividade, para ser o motor de busca padrão em navegadores e dispositivos móveis, criando um ambiente impossível para os concorrentes competirem.
Confira uma linha do tempo com os principais pontos do processo:
Ambos os lados ainda podem recorrer. O Google pode apelar da decisão de monopólio de 2024, enquanto o DOJ pode buscar penalidades mais duras. O caso também pode seguir para cortes superiores, possivelmente até a Suprema Corte.
As punições impostas ao Google pelo juiz Amit Mehta foram as seguintes:
A seguir te contamos um pouco mais sobre essas punições (e sobre as que não foram impostas à big tech).
O Google está proibido de celebrar ou manter contratos de exclusividade para a distribuição do Google Search, Chrome, Google Assistant e do aplicativo Gemini. Esta é a restrição mais direta às práticas comerciais que originaram o processo.
O Google pode continuar pagando a empresas como a Apple para ser o motor de busca predefinido em seus dispositivos e navegadores. A proibição de exclusividade significa que o parceiro agora está livre para também fechar acordos com concorrentes do Google.
A empresa vai ter que compartilhar um conjunto específico de dados de busca (índice de busca e dados de interação do usuário, como IDs de documentos, datas de rastreamento e pontuação de spam) com concorrentes qualificados.
É importante notar que isso não inclui dados de anúncios e deve ser feito apenas uma vez e não de forma contínua.
O juiz Amit Mehta rejeitou o pedido do DOJ para forçar o Google a vender seu navegador Chrome. O tribunal considerou que uma venda do Chrome seria uma solução inadequada para este caso, extremamente complexa e arriscada, podendo resultar em degradação do produto e prejuízos para os consumidores.
O Google deve oferecer a seus concorrentes serviços de sindicalização de resultados de busca e anúncios textuais por meio de uma API, cobrando por isso um preço de custo.
O objetivo é permitir que esses concorrentes usem a tecnologia de busca do Google, conseguindo assim oferecer resultados de alta qualidade enquanto desenvolvem suas próprias tecnologias.
A ideia é quebrar o ciclo de domínio do Google ao dar a concorrentes acesso a tecnologia de ponta.
A empresa deve divulgar publicamente mudanças materiais que fizer em seus leilões de anúncios para promover maior transparência nos preços.
O Google não será obrigado a apresentar aos visitantes telas de escolha que ofereçam alternativas de mecanismos de busca em seus produtos ou a incentivar seus parceiros de distribuição do Android a fazer o mesmo.
Esta era uma medida-chave proposta para aumentar a visibilidade dos concorrentes diretamente ao usuário final, mas foi rejeitada pelo juiz.
O Google afirmou estar analisando a decisão e manifestou preocupação com possíveis impactos na privacidade do usuário. A big tech também falou sobre como a IA mudou o setor e diversificou as formas de busca — uma forma de validar publicamente sua narrativa de que as pessoas têm escolha e que o modelo do Google não sufoca a concorrência.
A empresa deixa clara sua forte discordância em relação à decisão de agosto de 2024, que a considerou um monopólio ilegal — um veredito que ainda pretende contestar judicialmente.
O mercado financeiro respondeu com alívio, e as ações do Google e da Apple tiveram altas expressivas.
Por outro lado, concorrentes e grupos de defesa da concorrência criticaram veementemente as medidas, considerando-as insuficientes para reverter o poder de monopólio da empresa e restaurar a competição justa no mercado.
Gabriel Weinberg, CEO da DuckDuckGo declarou o seguinte (tradução nossa):
“Nós não acreditamos que as penalidades impostas pela corte forçaram mudanças adequadas ao comportamento ilegal do Google. O Google ainda poderá usar o monopólio para frear competidores, incluindo na busca com IA (…)”
Nidhi Hegde, diretora executiva do American Economic Liberties Project também fez uma declaração (tradução nossa):
“Você não considera alguém culpado de roubar um banco e depois o sentencia a escrever uma nota de agradecimento pelo saque. Da mesma forma, você não considera o Google culpado de monopolização e depois elabora uma penalização que permite que ele proteja seu monopólio (…)”.
A reação unânime entre concorrentes e defensores da concorrência foi de decepção e frustração. Eles veem a decisão como uma oportunidade perdida de criar um mercado verdadeiramente competitivo e acreditam que o Google saiu praticamente ileso de um veredito de monopólio.
Em geral, não muda muita coisa, principalmente a curto prazo. O objetivo do Google continuará sendo conectar pessoas com as melhores experiências e respostas possíveis. Então, produzir conteúdo de alta qualidade, relevante e com boa experiência do usuário ainda é o pilar absoluto do SEO. Inclusive no que diz respeito às buscas com IA.
Além disso, as decisões da corte não tiveram impacto algum no algoritmo de ranqueamento. Então fatores como links, E-E-A-T, Core Web Vitals e intenção de busca ainda são essenciais.
Agora, a longo prazo, algumas novidades podem surgir. Concorrentes como Bing, DuckDuckGo, Brave e novos players de IA (como Perplexity) terão acesso a dados de busca do Google via syndication. Isso significa que eles podem:
Outro ponto está no fato de que a decisão reconhece a IA como uma força que pode gerar mudanças significativas. O Google (Gemini) e seus concorrentes investirão pesadamente em buscas conversacionais e respostas geradas por IA. Logo, focar as estratégias de SEO em dados estruturados, conteúdos de FAQ e otimização de pesquisa por voz será primordial.
A decisão não é um terremoto para SEO, mas o início de possíveis mudanças no mercado. Ela acelera uma tendência já em curso: a de que o futuro da busca é multimodal e impulsionado por IA. Como profissional, você deve continuar dominando os fundamentos, com a mente aberta para um ecossistema de buscas mais diversificado.
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E aí, o que você achou de tudo isso? Acha que a decisão favoreceu o Google ou foi coerente? Conta pra gente! Continue acompanhando nossos perfis no Linkedin, Youtube e nossa newsletter para ficar por dentro de todas as novidades do universo do SEO e IA.
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