ChatGPT pode estar trocando o Bing pelo Google

Quando a gente faz uma pergunta lá no ChatGPT, ele busca a resposta no Bing. E provavelmente é isso que ele vai te responder, se você perguntar a ele. Certo? 

Bom, na teoria, sim. Mas ultimamente alguns especialistas em SEO resolveram duvidar disso. 

A questão é que eles passaram a desconfiar que o ChatGPT estava usando, secretamente, o Google como fonte para buscar resultados e responder prompts das pessoas. 

O Alexys Ryklo e Aleyda Solis, ambos especialistas em SEO, fizeram experimentos com essa hipótese em mente, e a seguir eu apresento os resultados que eles publicaram. 

ChatGPT usa snippet do Google para gerar resposta

Começando pela Aleyda, que comprovou em seu experimento que o ChatGPT utiliza snippets dos resultados do Google para formular respostas, especialmente quando não consegue obter dados diretamente de outras fontes, como o Bing. 

Veja como foi o processo e as principais descobertas:

  • Criação de uma página inédita: Solis publicou uma nova página no LearningAISearch.com e, inicialmente, não a submeteu a buscadores;
  • Teste no ChatGPT e Gemini: Logo após a publicação, o ChatGPT não conseguiu localizar a página e informou que ela parecia não estar indexada. Por outro lado, o Gemini (Google) acessou e resumiu seu conteúdo sem dificuldades, mesmo antes de ser indexada oficialmente;
Há um print da tela do ChatGPT em que Aleyda faz uma pergunta a fim de localizar sua página teste, mas recebe uma negativa.
  • Indexação formal: Depois, a página foi submetida para indexação tanto no Google Search Console quanto no Bing Webmaster Tools. O Google indexou rapidamente; o Bing demorou ou sequer exibiu o conteúdo;
  • Mudança no comportamento do ChatGPT: Assim que a página começou a aparecer nos resultados do Google (com e sem o operador “site:” e na busca direta pela URL), o ChatGPT passou a trazer uma resposta incompleta baseada em snippet do Google, não do Bing — inclusive citando que sua fonte era um “cached snippet via web search”. Ao comparar, Aleyda confirmou que o texto usado por ChatGPT era idêntico ao snippet exibido no Google naquele momento; 
Aleyda compara a resposta obtida em seu fluxo de perguntas ao ChatGPT com o resultado do Google
  • Persistência após indexação no Bing: Mesmo depois da página ser finalmente indexada no Bing, ChatGPT continuou usando snippets do Google, em vez dos do Bing, mudando a resposta conforme o snippet mudava (por exemplo, passando a extrair o texto da meta descrição).

Concluindo: O teste mostra que ChatGPT recorre aos snippets públicos do Google quando não consegue retornar dados usando o Bing. Não se trata de acesso ao conteúdo completo do site, mas sim do resumo indexado pelo Google.

Esse comportamento também mostra que estratégias de SEO tradicionais — visando otimizar snippets no Google — continuam extremamente relevantes, inclusive para ter visibilidade em respostas fornecidas por modelos de IA como o ChatGPT, que hoje não dependem apenas do Bing para buscar informação recente ou de páginas inéditas.

Resultados do SearchGPT parecem mais com os do Google do que do Bing

Já o experimento do Alexys foi focado no SearchGPT, o modo de busca na web integrado ao ChatGPT. Quando uma pessoa faz uma consulta, a plataforma reformula a solicitação inicial em novas consultas mais específicas e relevantes (levando em conta a intenção de busca), que são então enviadas para um mecanismo de busca parceiro. 

O histórico de cada conversa inclui um arquivo JSON detalhado, que exibe tanto as consultas enviadas quanto uma lista estruturada dos resultados recuperados (incluindo URL, título, snippet e data de publicação). 

Com esse nível de transparência, é possível estudar a fonte exata dos dados buscados por SearchGPT e levantar hipóteses sobre o buscador utilizado. 

Comparando resultados do SearchGPT e do Bing

A primeira parte do experimento foi dedicada à analisar se as páginas mostradas pela busca na web do ChatGPT correspondiam às principais posições dos resultados do Bing. Para isso, Alexys fez buscas iguais nos dois mecanismos. 

Ao comparar os resultados retornados pelo SearchGPT e pelo Bing para a mesma consulta, a similaridade de URLs é de apenas 30% – o que indica baixo alinhamento e sugere que o Bing não é a principal fonte dos resultados.

Print da comparação da lista dos resultados do SearchGPT e dos resultados do Bing, mostrando que  apenas 30% são iguais

Por sua vez, quando os resultados do SearchGPT são comparados com Google, a similaridade sobe para 90%: ou seja, quase todas as páginas apresentadas pelo SearchGPT figuram entre os primeiros resultados do Google para a mesma consulta.

Print comparando a lista dos resultados do SearchGPT e do Google, em que 90% são iguais

Outros exemplos de buscas (“bicicleta elétrica urbana”, “resgate de crédito”, “cartão de registro”, etc.) também mantêm altas taxas de similaridade entre SearchGPT e Google (64% a 86%).

Concluindo: O SearchGPT depende majoritariamente do índice do Google, e não do Bing, para a seleção de páginas exibidas em suas respostas.

Analisando snippets

Featured snippet (ou trecho em destaque) é um trecho do conteúdo de uma página, que aparece no topo dos resultados de pesquisa. Assim, o visitante encontra as informações básicas sobre o que está procurando sem precisar clicar em nenhum site.

Eles são sensíveis à consulta: para a mesma página, consultas diferentes podem gerar trechos diferentes.

Alexys também fez buscas iguais em ambos mecanismos, e constatou que os snippets exibidos pelo SearchGPT são exatamente os mesmos dos resultados do Google – não do Bing.

Aqui a imagem que mostra a comparação: 

Print que mostra que os snippets exibidos pelo SearchGPT são exatamente os mesmos dos resultados do Google – não do Bing.

Alexys segue sua pesquisa fazendo ainda mais comparações e análises. No fim, chega à conclusão de que otimizações de SEO para Google (snippets, meta descrições, estrutura do conteúdo) impactam fortemente a visibilidade das informações em respostas do SearchGPT.

Google e OpenAI já tiveram parcerias antes

Apesar de serem concorrentes, Google e OpenAI já tiveram parcerias

Neste ano, a OpenAI fechou um acordo para utilizar a infraestrutura e o poder computacional do Google Cloud para treinar e operar modelos como o ChatGPT, ampliando suas fontes além dos servidores da Microsoft Azure, que antes eram exclusivos para seus treinamentos e serviços.

Vale destacar que as big techs são concorrentes diretas em produtos de IA generativa (como Gemini e ChatGPT), mas este acordo especificamente acontece do lado de infraestrutura e não de integração entre sistemas. 

O que tudo isso significa para SEO? Ainda vale a pena otimizar para o Bing?

Obviamente, o fato do ChatGPT usar majoritariamente resultados do Google como fonte para suas respostas tem grandes implicações para estratégias de SEO.

Por um lado é bom, porque significa que as práticas tradicionais de otimização para Google ganham ainda mais peso, já que a visibilidade orgânica passa a ser relevante não só para quem usa o buscador, mas também para respostas fornecidas por plataformas de IA como o ChatGPT. 

Quanto ao Bing, embora ele ainda seja o buscador padrão de várias integrações (como no Copilot da Microsoft), a baixa similaridade entre resultados do Bing e os utilizados pelo ChatGPT indica que otimizar exclusivamente para Bing é cada vez menos prioritário na dinâmica atual do mercado de IA generativa

Ou seja, otimizar para o Google é imprescindível tanto para ranquear bem nos buscadores tradicionais quanto para ser citado nas respostas dos principais assistentes de IA do mercado

No entanto, se o público-alvo de um projeto utiliza fortemente o Bing, pode fazer sentido manter esforços básicos de otimização para essa plataforma. Mas o foco principal deve ser o Google, uma vez que sua influência se estende agora também para o universo das IAs conversacionais.

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  • Karine Sales

    Jornalista e criadora de conteúdo digital, atua há mais de 8 anos desenvolvendo estratégias e textos otimizados para blogs, sites e redes sociais.

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