Google reduz visibilidade de conteúdo independente ou que foge do tema principal do site

O Google tem sistemas que identificam páginas e subdomínios que são muito diferentes do tema central de um site. Você não precisa cobrir apenas o mesmo tópico no site inteiro, mas também não pode sair criando páginas sobre literalmente qualquer assunto.

Por exemplo, se você é um site de notícias, não se espera que você faça posts patrocinados de produtos, ou listas de recomendações de produtos na Amazon. A Forbes fez isso e seu tráfego orgânico caiu subitamente. O mesmo aconteceu com outros portais ou subdomínios que postam links de afiliados.

As informações são de Danny Sullivan, porta-voz do Google. Ele explicou ao especialista de SEO Glenn Gabe o que aconteceu e se isso tem relação com a política de spam de abuso de reputação de site.

Essa discussão está acontecendo principalmente nos Estados Unidos, mas é interessante entendê-la aqui no Brasil também, porque lida com pontos “universais” de SEO, que são válidos em todos os países.

O “caso Forbes”

A história começa com o domínio da Forbes nos EUA. A expertise do site é “notícias sobre negócios”, mas especialistas em SEO notaram aumento expressivo de visibilidade para palavras-chave completamente não relacionadas, como recomendações de umidificadores de ar ou brinquedos para pets.

Esses conteúdos estavam em seções específicas do site, como “Forbes Advisor”, sobre planejamento financeiro, ou “Forbes Recommends”, com dicas de produtos.  Praticamente todas as indicações tinham links de afiliados. Ou seja, as páginas existiam puramente para gerar receita, pois a Forbes recebia comissão para cada venda.

O especialista em SEO Lars Lofgren identificou a estratégia como SEO parasita em um texto que viralizou lá fora. Essa é, basicamente, uma técnica de postar conteúdo em sites de alta autoridade para tentar ranqueá-los com mais facilidade. É uma forma de “driblar” os algoritmos e controles de qualidade do Google. 

Ele descobriu que esses subdomínios da Forbes eram operados de forma independente, sem envolvimento da equipe editorial do portal de notícias.

Em outras palavras, a publicação desse conteúdo desrespeitava diversas diretrizes da Pesquisa Orgânica. Como resultado, os portais perderam milhões de acessos diários em setembro de 2024, como você pode ver abaixo.

Suspeita de abuso de reputação de site

Outros portais que faziam estratégias parecidas sofreram o mesmo impacto. Glenn Gabe publicou um artigo apresentando quedas em vários domínios que ranqueavam com links de afiliados

A principal hipótese levantada nesta análise era de que os sites estavam sofrendo punições de abuso de reputação de site. Este é um item novo das políticas de spam do Google, implementado em 2024. 

E, a julgar pela descrição oficial do spam, realmente parecia ser o caso: 

Abuso de reputação de site é quando páginas de terceiros são publicadas com pouco ou nenhum envolvimento da equipe do site, com propósito de manipular o ranqueamento de páginas ao tirar vantagem dos sinais de classificação do site. Estas páginas de terceiros incluem conteúdo patrocinado, propagandas, parcerias e outros tipos de conteúdo que são tipicamente independentes do propósito principal do site, ou produzidas sem envolvimento de sua equipe, e agregam pouco ou nenhum valor aos visitantes.

No entanto, segundo um porta-voz do Google, não foi exatamente isso que aconteceu.

A resposta do Google

Danny Sullivan entrou em contato com Glenn Gabe para esclarecer o que estava acontecendo. Ele disse o seguinte:

1. Até o momento, o Google pune abuso de reputação de sites apenas de forma manual. As quedas em sites que publicam links de afiliados não fazem parte de testes de punição algorítmica.

2. O Google tem sistemas para identificar se uma seção de um site é independente ou muito diferente do conteúdo principal, e isso ajuda o Google a identificar as informações mais úteis dentro dos domínios.

Veja abaixo o que isso significa – e como pode impactar o seu site.

Punição por abuso de reputação de site é manual

Quando algum site viola as políticas de spam do Google, podem acontecer dois tipos de punição:

  1. Manual, quando um avaliador humano indica que o site viola alguma política do Google;
  2. Algorítmica, quando isso é feito por sistemas automatizados.

Em ambos os casos, o site perde visibilidade, como o que ocorreu com a Forbes.

O Google indicou que os dois tipos de punição seriam aplicados, mas até aqui, apenas punições manuais estão acontecendo.

Não sabemos se é o caso da Forbes – mas a segunda fala de Danny leva a crer que este talvez não seja o caso.

Google identifica o tópico principal de um site

A interpretação de Glenn Gabe é que o Google está melhorando as formas de diferenciar o conteúdo publicado em diferentes subdomínios ou subdiretórios.

O site não precisa cobrir literalmente só um assunto, mas os demais devem estar relacionados. Exemplo prático:

  • Faz sentido um site sobre carros falar sobre motos ou caminhões também. São temas diferentes, mas relacionados;
  • Mas faz muito menos sentido esse mesmo site sobre carros dar dicas sobre vestidos de formatura (menos ainda ter diversas páginas sobre isso).

O mesmo vale para conteúdos independentes, publicados por terceiros dentro de um domínio. O Google tem essa preocupação justamente para prevenir abusos, ou práticas como venda de espaço editorial.

Isso poderia resultar em conteúdos de baixa qualidade recebendo visibilidade unicamente por estarem hospedados em portais com alta autoridade.

Em 2019, a conta do Twitter da Pesquisa Orgânica já apresentou esse conceito:

Veja uma tradução (com grifos nossos):

Nos perguntaram se terceiros podem hospedar conteúdo em subdomínios ou subdiretórios de outro domínio. Isso não vai contra as nossas diretrizes. Mas à medida que essa prática cresce, nossos sistemas estão sendo melhorados para entender esses conteúdos de acordo. 

Em geral, não recomendamos deixar outros usarem os subdomínios ou subdiretórios como se fossem parte do site principal sem supervisão ou envolvimento dos donos do domínio.

Este parece ser justamente o caso da Forbes e dos outros portais afetados.

O que isso significa para quem faz SEO no Brasil?

A Forbes não tem a mesma visibilidade no Brasil, nem a mesma estratégia de links de afiliados. Ainda assim, esses desdobramentos trazem algumas lições sobre otimização para quem faz otimização para mecanismos de busca no Brasil:

  • Técnicas black hat, como SEO parasita, podem até funcionar, mas têm vida curta. Depois de um tempo elas caem;
  • Você não precisa excluir seus links de afiliados, mas criar páginas de baixo conteúdo para promover esses links provavelmente não é a melhor estratégia;
  • Seu site não precisa ser apensar sobre o tema principal do seu negócio, mas os tópicos devem ter alguma relação óbvia e aparente;
  • Se você tem subdiretórios conduzidos por equipes diferentes do seu site principal, informe claramente e certifique-se de que o conteúdo que está sendo postado é útil.

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  • Elyson Gums

    Elyson Gums

    Jornalista e mestre em Comunicação Social. Produzo conteúdo para projetos de SEO e inbound marketing desde 2014.

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