O conceito de profundidade de conteúdo é um dos mais interessantes em SEO. Ele representa o nível de detalhes de uma página e pode ser medido de forma objetiva pelo Google.
Ali, são descritos critérios de ranqueamento específicos para os chamados “in-depth articles”. A grosso modo, eles são artigos evergreen, repletos de informações densas e que têm longa vida útil na SERP. Até 2019, apareciam em um espaço dedicado na SERP.
Harry Clarkson-Bennett, especialista em SEO do Reino Unido, publicou uma análise completa da patente, que apresentamos traduzida abaixo, junto com dicas da equipe da SEO Happy Hour para criar conteúdos aprofundados e úteis.
O que é o conceito de profundidade de conteúdo
Profundidade de conteúdo significa incluir numa página todos os detalhes relevantes para responder a uma pesquisa.
Os conteúdos profundos apresentam subtemas, informações originais, pesquisas, argumentações completas e novos pontos de vista. E tudo sem “encher linguiça”.
Isso interessa principalmente para buscas que exigem mais detalhes, como tutoriais, definições de conceitos complexos, análises de mercado, entre outros temas amplos que não podem ser respondidos com definições breves.
Nestes contextos, você pode considerar a profundidade como uma das características dos conteúdos úteis, que o Google privilegia nos resultados de busca.
O conceito também se relaciona ao de information gain. Quando uma página se aprofunda em conceitos “inéditos”, que não estão em outras páginas da web sobre o mesmo tema, o Google pode recompensá-la.
Frequentemente, os conteúdos evergreen são os mais aprofundados. Esse tipo de conteúdo é planejado para ter longa vida útil e ficar durante meses (ou até anos!) ranqueando.
As páginas evergreen abordam assuntos gerais, que sempre têm interesse. E, para se manterem relevantes, são atualizadas frequentemente, o que naturalmente aumenta a profundidade do conteúdo.
Não existe uma medida “absoluta” de profundidade de conteúdo. Depende bastante da sua indústria, do público-alvo e da pesquisa para a qual você está otimizando.
Por exemplo, um texto introdutório sobre SEO terá muita profundidade se abordar os aspectos básicos de como otimizar um site, como o objetivo de SEO, qual o impacto para os negócios, diferença de SEO on-page e off-page, entre outros.
Já um artigo para especialistas abordará a parte técnica do rastreamento, indexação e classificação, funcionamento dos robôs e orientações técnicas detalhadas.
Ambos são profundos e serão evergreen, pois estes conceitos geram interesse por muito tempo. Mas o estilo de linguagem, os conceitos abordados, as relações semânticas e até o tamanho do texto são diferentes. Em outras indústrias, as diferenças podem ser ainda maiores.
Como criar conteúdos com profundidade?
Para que um conteúdo seja considerado “aprofundado”, deve ter algumas características:
Responder à questão principal da busca;
Oferecer respostas a perguntas relacionadas e complementares, que o visitante provavelmente fará na sequência;
Ser informativo e interessante;
Apresentar informações novas, mesmo para temas que já são amplamente conhecidos;
Ser construído com base em uma pesquisa detalhada;
Ter uma hierarquia clara, com informações bem divididas em headings, intertítulos, seções, listas, entre outros.
Ou seja: são conteúdos de alta qualidade, que demandam esforço para produzir. Os sistemas do Google são ativamente construídos para interpretar e recompensar esses sinais de qualidade (e punir o conteúdo raso).
Como criamos conteúdo aprofundado na SEO Happy Hour
Aqui na SEO Happy Hour, seguimos este processo:
Definição de pauta: mapeamos as perguntas que o nosso público-alvo realmente tem. Nossas pesquisas de pauta têm base em questionamentos que acompanhamos em redes sociais, tendências de mercado, pesquisas feitas no exterior, percepção dos analistas de SEO e comentários de clientes;
Planejamento: revisamos o que já foi publicado na internet sobre o tema, procuramos os subtemas relacionados àquele conteúdo e organizamos a página com as informações indispensáveis;
Revisão: identificamos as lacunas no conteúdo, os tópicos que nenhum outro site está cobrindo. Analisamos também elementos adicionais, como o campo “As Pessoas Também Perguntam” do Google, resultados ricos, snippets, entre outros;
Redação: produzimos o texto do zero, sem uso de IA para “criar a estrutura”. Aqui, é preferência pessoal: para nós, faz mais sentido criar do zero, para evitar limitações no formato do conteúdo;
Publicação: após a redação, identificamos quais subtópicos merecem artigos próprios. Anotamos no nosso banco de pauta e, quando trabalhamos nesses temas, conectamos todos para criar topic clusters.
Como o Google entende a profundidade do conteúdo?
O Google tem processos específicos para avaliar profundidade de conteúdo.
Harry Clarkson-Bennett resume o sistema da seguinte forma:
O sistema cria um índice separado para conteúdo longo e aprofundado;
Há dois subsistemas para avaliar esses conteúdos: um índice de profundidade e uma pontuação de topicalidade (falaremos mais sobre eles adiante);
Autoria e estrutura de site interferem no desempenho desses conteúdos no buscador;
Sinais de autoridade construídos ao longo do tempo, como aquisição de links, também influenciam na performance.
Antes de seguir com as análises, precisamos abrir um parêntese muito importante: muita coisa mudou desde a patente de profundidade de conteúdo, em 2015.
Em 2013, o Google fazia uma diferenciação formal entre páginas “normais” e páginas aprofundadas. Quando alguém pesquisava um tema amplo, o Google exibia uma seção com artigos mais detalhados do que o normal, chamados de “in-depth articles” em inglês.
Mas, desde 2019, esses artigos passaram a aparecer entre os demais resultados orgânicos.
Portanto, é necessária cautela ao interpretar essa patente, pois algumas informações podem estar desatualizadas. Ainda assim, é interessante olhar o que diz lá, pois é uma descrição bem detalhada de como e por que as coisas funcionam, o que pode gerar muitos insights úteis.
Os detalhes das análises do Google sobre conteúdo aprofundado
A patente US20150379140A1 se baseia em três classificações:
In-Depth Article Score (Pontuação de artigo aprofundado): uma análise preliminar de qualidade, com base em múltiplos critérios;
Topicality Score (Pontuação de topicalidade): a relevância do artigo para o tópico pesquisado;
Document Score (Pontuação de documento): a soma de ambos, que gera uma classificação geral para a URL.
Pontuação de artigo aprofundado
É uma análise dos diversos sinais que compõem a “qualidade” da página:
Pontuação de artigo: são indícios de que o conteúdo é de fato denso em informações, como tamanho de parágrafo e contagem de palavras;
Pontuação comercial: elementos comerciais (anúncios, descontos, campos com informações de cartão de crédito, etc.);
Pontuação evergreen: mede o histórico da página para estabelecer a relevância da página ao longo do tempo;
Pontuação de padrão de site: faz uma estimativa do valor da página com base no desempenho anterior do diretório onde ele está hospedado no site;
Pontuação de autor: o sistema tenta identificar se um autor tem um histórico de produção de conteúdos mais densos e detalhados.
Dependendo das notas em cada categoria, a página era incluída em um índice específico, presumivelmente para a seção “in-depth articles” do Google.
Pontuação de topicalidade
É a medida da relevância do artigo para um tema específico. É uma análise que ocorre “em tempo real” em cada pesquisa feita no Google.
Os tópicos da busca são comparados com o conteúdo da página. Quanto maior a sobreposição, mais relevante é considerado aquele artigo.
Aqui, não tem nada de muito novo.
Sabemos que o Google usa sistemas específicos para medir a autoridade tópica de um site e para entender quais páginas respondem melhor a uma consulta.
Pontuação de documento
A pontuação de documento é a soma das análises anteriores.
Ele considera a pontuação de profundidade e a pontuação de topicalidade para definir quais conteúdos devem ser exibidos na SERP.
O objetivo do sistema é impedir que conteúdos de baixa qualidade, mas relevantes, sejam exibidos. E o oposto também: filtrar os conteúdos de alta qualidade, mas irrelevantes para a intenção de cada busca.
A melhor abordagem para publicar conteúdo evergreen
As informações contidas na patente de profundidade de conteúdo não devem alterar tanto assim a sua abordagem para produzir conteúdo.
Muitos dos elementos de qualidade das páginas descritos lá são de conhecimento geral e muito relevantes para SEO. Ou seja, são coisas que você já deveria estar fazendo, pois são praticamente sempre valorizadas pelo Google e pelas pessoas.
As conclusões de Harry Clarkson-Bennett são:
O conteúdo evergreen é tão importante para o ecossistema do Google que tem um índice próprio;
“Qualidade” é um conceito que parece abstrato, mas que pode ser quantificado pelo Google;
Arquitetura de site pode impactar o desempenho de conteúdo evergreen (tem mais chances de um conteúdo do diretório “/guias” ser aprofundado, do que um conteúdo em “/noticias”);
O histórico dos autores podem influenciar a classificação das páginas. O sistema prioriza produção consistente;
A performance do artigo ao longo do tempo também conta. Uma das principais métricas é o acúmulo de backlinks ao longo do tempo;
Conteúdos informativos e comerciais devem ser separados quando possível.
Ou seja: é muito do que já se fala sobre SEO de qualidade!
Se você precisa de apoio para aumentar o nível (e o desempenho) dos seus conteúdos, entre em contato com a SEO Happy Hour! Nossos especialistas têm décadas de experiência aumentando a visibilidade de marcas no Google por meio da otimização de conteúdo e do aspecto técnico de sites.
Elyson Gums é redator na SEO Happy Hour. Trabalha com redação e produção de conteúdo para projetos de SEO e inbound marketing desde 2014, em segmentos B2C e B2B. É bacharel em Jornalismo (Univali/SC) e mestre em Comunicação Social (UFPR).
Comentários