Karine Sales
Jornalista e criadora de conteúdo digital, atua há mais de 8 anos desenvolvendo estratégias e textos otimizados para blogs, sites e redes sociais.
Karine Sales

Atualizado em 27/11/2025
10 min de leitura
Em 2025, grupos de mídia passaram a relatar quedas significativas no tráfego. Em alguns casos, houve redução de 89% das visitas, dependendo da categoria de pesquisas e do grau de dependência da busca orgânica do Google.
O motivo? A consolidação de respostas diretas geradas por IA, como AI Overview e, mais recentemente, o Modo IA.
As pessoas que usam o Google mudaram o comportamento rapidamente: menos cliques, mais satisfação com respostas prontas. Isso causou um efeito negativo para diversos nichos de site que dependiam, até então, dos cliques e visitas.
Além disso, esse problema coloca em xeque o modelo tradicional de aquisição de tráfego, monetização e até relevância editorial.
Neste texto, eu te conto um pouco mais sobre o que está acontecendo, as consequências e como lidar com todo esse caos.
No texto do James Allen para o Search Engine Land, vemos que a adoção crescente de respostas geradas por modelos de IA já afeta diretamente as audiências dos veículos, com impacto profundo na distribuição e no consumo de notícias.
A quantidade de buscas sem clique já representa quase 60% das consultas móveis, enquanto as AI Overviews são exibidas em aproximadamente 30% das buscas processadas pelo Google.
Essa dinâmica afeta especialmente jornais de notícias gerais e informativas, em que o conteúdo é resumido e entregue na SERP antes que o leitor tenha motivos para visitar o site.

No caso do Modo IA, no exemplo acima, com apenas uma busca eu já consegui um resumo das principais informações sobre o incêndio que atingiu um complexo de prédios residenciais em Hong Kong. Para me informar mais, posso pedir direto na conversa, ou clicar em algum dos 3 links que o Google cita no bloco lateral.
O The Guardian relatou quedas de até 79% no tráfego quando suas páginas são empurradas para posições inferiores dentro das respostas geradas por IA; um movimento descrito por alguns editores como um “apocalipse do tráfego”.
Ao contrário dos antigos snippets, que ainda geravam algum volume de cliques, os novos resumos baseados em IA entregam respostas completas, agregando dados de várias fontes e diluindo a visibilidade editorial.
Plataformas como ChatGPT e Claude avançam ainda mais, oferecendo resultados muitas vezes sem citar um link de origem para a resposta, criando um fluxo de conversa que deixa o jornalismo fora do caminho do leitor.
O impacto na receita é tão profundo quanto o impacto no tráfego. Enquanto a receita publicitária do Google ainda cresce, alcançando US$ 348,15 bilhões em 2024, a desaceleração é evidente: o crescimento anual caiu para 13,9%, contra 41,3% no auge da pandemia.
A queda está diretamente ligada à dificuldade de monetizar novos recursos de busca baseados em IA, que reduzem o volume de cliques em anúncios no modo “custo por clique”.
O modelo de negócios do Google depende de cliques. Ele sempre funcionou assim:
Esse ciclo quebra quando a IA entra no meio com respostas diretas.
Mas, nas redações, a ferida é ainda mais aberta. A redução do tráfego reduz impressões, afeta a receita de afiliados e deixa modelos de assinatura mais frágeis. Conteúdos patrocinados perdem atribuição, já que os insights passam a surgir dentro das respostas de IA, sem registro de visita à fonte.
Outro desafio é o enfraquecimento dos paywalls. Se você pode receber a informação completa sem acessar o site, em uma ferramenta de IA, não encontra o paywall e não entra no funil de assinaturas.
A saturação do mercado de conteúdo pago agrava o problema: com múltiplas assinaturas competindo pelo orçamento dos consumidores, modelos baseados exclusivamente em texto se tornam menos competitivos.
E como isso impacta a parte financeira dos portais de notícia? Eu te conto a seguir:
Sites informativos, agregadores, portais de reviews e veículos tradicionais estão entre os mais vulneráveis. No cenário atual, em que a IA gera conteúdo para cerca de 30% das consultas, já se observa:
Editores com dados próprios ou análises exclusivas têm maior chance de sobreviver neste cenário, sendo frequentemente mencionados nas respostas de IA. Mas mesmo esses grupos registram perdas.
Com menos visitas às páginas, os anúncios deixam de performar. Programas de afiliados sofrem, já que respostas de IA raramente exibem links externos. Para sobreviver, os veículos serão obrigados a diversificar a receita e testar modelos emergentes.
Embora as mudanças nas SERPs reduzam cliques e transformem completamente o comportamento de busca, o verdadeiro impacto não recai sobre o Google, que continua crescendo e expandindo sua presença na corrida da IA.
O efeito mais profundo ocorre sobre quem historicamente dependeu do Google como fonte central de descoberta, tráfego e receita. Especialmente publishers, sites informativos, blogs e negócios baseados em afiliados.
O comportamento sem clique, antes associado a snippets convencionais, agora é amplificado por respostas completas que resolvem a consulta sem qualquer necessidade de visita ao texto original.
Essa transição não ameaça o buscador – que, na prática, é uma das principais empresas de IA do mundo – mas sim todo o ecossistema que otimiza seus sites para aparecer nas SERPs.
Em outras palavras: para o Google, o futuro da busca é integrado à IA. Para quem dependia do Google, o futuro é… Mudar a rota.
Sentar no meio fio e chorar não é uma opção. As mudanças sempre vão existir, e é preciso resiliência para passar por elas.
Apesar do teor pessimista do mercado, SEO ainda é a resposta para te ajudar a ter resultados com o Google. E também com a IA! Aproveite esse momento como uma oportunidade de extrair o máximo das buscas orgânicas, mas sem depender exclusivamente delas daqui pra frente.
E é pensando nisso que eu trouxe aqui 3 formas de lidar com esse cenário da IA nas buscas, que serve tanto para sites de notícias, como para outros sites que também dependem de tráfego.
Se as pessoas estão recorrendo à IA, então, sua marca também deve estar lá. E para garantir isso, é importante:
Além de todos os textos que estão linkados aqui, eu te indico:
Agora, se a sua ideia é deixar a IA de lado um pouco, você pode seguir pelo caminho da diversificação de estratégia de conteúdo. Afinal, depender só do Google não é uma boa ideia já faz tempo!
Alguns caminhos que você pode seguir são:
A lógica é clara: quanto mais pontos de contato independentes do Google e das plataformas de IA, maior a resiliência do publisher.
Eu já citei aqui ao longo do meu texto, mas vale citar de novo: tem um artigo completo no site sobre diversificação de tráfego orgânico que ensina muito bem como você pode fazer isso.
Esse item aqui deveria ser obrigatório, viu? 👀 Fortalecer sua marca e fazer com que ela seja lembrada pelas pessoas é essencial, porque ela consegue se manter firme mesmo quando essas mudanças acontecem.
Além disso, tanto para aparecer nas respostas de IA (que assim como o Google, preferem as marcas maiores e de mais relevância), quanto para ter sucesso em novos produtos, você precisa ter uma marca forte e uma comunidade que te dê suporte.
Num cenário em que a IA condensa múltiplas fontes e o clique se torna escasso, a disputa pela visibilidade acontece primeiro no campo da autoridade, e só depois no campo do tráfego.
Marcas reconhecidas, citadas com frequência e associadas a expertise têm maior probabilidade de:
A construção de autoridade exige consistência editorial, presença contínua e produção de conteúdo que gere memória de marca, e não apenas otimização técnica para buscadores.
E é claro que a gente também tem conteúdo sobre isso no site! Vale a leitura do artigo sobre como fazer uma boa estratégia conjunta de branding e SEO.
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Para se adaptar a esse cenário, conte com a SEO Happy Hour. Ter o apoio de especialistas é fundamental para gerar resultados no curto e no longo prazo neste momento.
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