Em SEO, QA (Quality Assurance, ou garantia de qualidade) é o processo de testar, validar e monitorar todas as atualizações de um site. O objetivo é garantir que mudanças, atualizações ou lançamento de novas funcionalidades não prejudiquem a visibilidade nos buscadores.
Procedimentos de QA já são rotina em times de desenvolvimento para evitar que códigos com problemas entrem em produção. Mas, quando falamos de sites ou aplicações web, nem sempre os profissionais de SEO estão envolvidos.
Quando isso acontece, erros podem passar despercebidos – e só são descobertos quando os gráficos começam a cair.
Abaixo, você verá um guia completo de QS em SEO, com as principais práticas e os cinco pilares que devem estar sempre no radar.
Como funciona o QA de SEO?
QA é um conjunto de testes para garantir que um site está livre de erros técnicos. Eles ocorrem em todas as fases do ciclo de desenvolvimento, antes de uma atualização entrar ao ar e depois que ela já foi publicada.
O processo considera diferentes aspectos, como usabilidade, acessibilidade, performance e segurança.
Idealmente, desenvolvedores e profissionais de SEO devem sentar-se juntos à mesa para discutir as soluções. Ou, pelo menos, desenvolvedores devem considerar as principais demandas de SEO.
As duas áreas devem conversar porque elas têm demandas diferentes (e porque é mais simples lidar com erros em ambientes de testes).
Muito frequentemente, soluções tecnicamente viáveis não funcionam tão bem nos buscadores. Um bom exemplo é o JavaScript, que, se mal implementado, pode ocultar seções (ou até páginas!) inteiras dos buscadores.
Especialistas em SEO técnico conseguiriam identificar essas questões e indicar uma mudança de rota antes que o site fique de fato invisível para o Google.
Os benefícios de QA em SEO
A principal vantagem de ter um processo de QA em SEO é economizar tempo e dinheiro gastos com retrabalhos e perdas de visibilidade no Google.
Os benefícios incluem:
- Descobrir problemas cedo, antes que eles se tornem uma bola de neve;
- Identificar oportunidade de melhorias de SEO;
- Menos prejuízos relacionados à perda de tráfego e leads;
- Garantir a boa performance do site em todos os tipos de dispositivos;
- Melhorar a usabilidade do site, o que pode aumentar as conversões;
- Facilitar a manutenção e escalabilidade do site.
As melhores práticas de QA para SEO
Os processos de garantia de qualidade em SEO dependem bastante das necessidades de cada empresa.
Profissionais disponíveis, infraestrutura técnica utilizada, histórico da empresa, produto e tipo de site… Tudo influencia os processos. Naturalmente, projetos mais complexos ou que já escalaram têm práticas diferentes de sites simples, com poucas páginas.
As boas práticas gerais, que valem para todos os tipos de sites e ambientes, são:
- Ter um ambiente de testes para validar alterações técnicas;
- Definir checklist dos aspectos mais importantes (páginas críticas, fluxos de navegação, pontos de conversão, elementos de indexação, etc).
- Documentar as auditorias, validações e os erros, para evitar que os problemas sejam repetidos;
- Utilizar documentações de produtos e de tecnologias para antecipar riscos;
- Automatizar tarefas repetitivas;
- Usar ferramentas de monitoramento, como Search Console e Analytics, para diagnosticar erros que passaram despercebidos pelo QA;
- Definir a alocação ideal de tempo para as validações, assim como os cronogramas. Aqui, não tem receita de bolo, depende da sua empresa.
Quem conduz o processo?
As ações de QA devem ser realizadas por especialistas em SEO técnico e desenvolvedores.
Se por alguma razão não for possível incluir ambos, o mínimo é que os desenvolvedores tenham um checklist de critérios fundamentais de SEO.
Quando fazer o controle de qualidade do site?
O QA deve estar presente sempre que uma atualização significativa for implementada. Cenários comuns são migração de site, redesign ou troca de tema, atualizações em produtos SaaS e mudanças de estrutura de e-commerce.
A frequência depende justamente dessas atualizações:
- Se os desenvolvedores fazem atualizações importantes toda semana, então você deve passar pelo checklist toda semana;
- Se os ciclos forem mais longos, com lançamentos semestrais, então o QA é menos frequente;
- Em sites mais simples, como blogs no WordPress, muitas vezes basta revisar o código anualmente.
Quais elementos devem fazer parte do QA de SEO?
O QA usa checklists de tudo o que pode impactar o SEO. Por exemplo, uso de meta tags, implementação de dados estruturados, renderização, performance, responsividade, entre outros.
A lista é feita pelo especialista em SEO técnico, com base nas boas práticas já conhecidas e nas particulares do site que está sendo otimizado. Normalmente, essa lista evolui ao longo do tempo.
O checklist montado pela agência Gray Dot é um excelente ponto de partida. Ele cobre cinco áreas que costumam ter problemas após atualizações:
- Visibilidade para buscadores: o site pode ser rastreado e indexado pelo Google?
- Conteúdo: o conteúdo tem os elementos on-page necessários para ser visível?
- JavaScript e CSS: o código da página está sendo renderizado corretamente?
- Otimização para dispositivos móveis: o site funciona em todos os tamanhos de tela?
- Analytics: está tudo certo com o monitoramento de métricas de marketing?
Veja abaixo o que influencia cada ponto.
1. Visibilidade para buscadores
Para que um site apareça no Google, ele deve ser rastreado, indexado e classificado como relevante.
- O rastreamento acontece quando o Googlebot visita a página e processa o seu conteúdo.
- A indexação é o processo de adicionar listas de URLs a um índice, que é consultado sempre que alguém faz uma pergunta.
- A classificação é a escolha de quais páginas exibir, com base em centenas de critérios dos algoritmos do Google.
Ou seja: se houver algo interferindo nestas duas etapas, o site não aparece, mesmo que tenha qualidade e seja otimizado em outras frentes.
O que observar no QA:
- Mudanças em diretivas do robots.txt;
- Alterações em meta tags, como páginas saindo de index para noindex, ou links saindo de follow para nofollow;
- Implementação da canonical tag;
- Análise de códigos de erro HTTP, que demonstram problemas de acesso às páginas, como 4xx (conteúdo não encontrado), 5xx (erro de servidor), soft 404, entre outros.
Esses tipos de problema são comuns principalmente ao sair do ambiente de testes. Um clássico é esquecer de remover a tag noindex ao subir a versão final do site.
2. Conteúdo
Há diversos elementos técnicos de conteúdo que ajudam o Google a entender qual é o contexto da página, quais informações estão ali e para quais tipos de pesquisa ela é mais relevante.
O que observar no QA:
- Se elementos universais, aplicados a todas as páginas, estão funcionando (menus, header, footer);
- Breadcrumbs;
- Títulos e metadescrições;
- Visibilidade de elementos de conteúdo, como headings, textos, links, vídeos, imagens e outros tipos de mídia;
- Funcionamento de plugins e widgets;
- Presença de sinais de E-E-A-T;
- Validação de dados estruturados.
3. JavaScript e CSS
Em SEO, JavaScript e CSS mal implementados podem causar uma série de problemas, por dificultar a renderização das páginas.
Resumindo bastante, os rastreadores lidam bem com HTML. Conteúdos “básicos” das páginas, como headings, links e demais marcações,devem estar disponíveis nesse formato.
Caso sejam gerados via JS, os robôs podem ter dificuldade em entendê-los, o que interfere diretamente na indexação e na classificação das páginas. O mesmo vale para elementos inseridos via CSS em vez de HTML.
O que observar no QA:
- Se elementos fundamentais (como links internos e imagens) são inseridos via HTML;
- A usabilidade de elementos que dependem de JS para serem exibidos, como pop-ups e filtros dinâmicos;
- Os novos elementos do site estão disponíveis sem depender de uma interação, como um clique;
- Se não há discrepâncias entre o HTML bruto e a versão renderizada da página (inclui meta tags, canonical tag, títulos, metadescrições, conteúdo em texto, links internos e externos, etc.).
A atenção deve ser redobrada para sites com renderização do lado do cliente, pois eles são notoriamente mais complexos do ponto de vista de SEO.
4. Experiência em dispositivos móveis
Há alguns anos, o Googlebot rastreia as versões das páginas para dispositivos móveis. Além disso, muitos sites recebem mais acessos via smartphones.
E, ainda assim, muitas vezes a usabilidade em telas menores passa despercebida (provavelmente porque desenvolvedores e analistas de SEO acessam mais a versão para desktop do site).
O que observar no QA:
- Se não há discrepâncias significativas para a versão para desktops;
- Se não há discrepâncias com a versão anterior para celulares;
- Acessibilidade, usabilidade e posição de elementos;
- Responsividade do design para diferentes tamanhos de tela;
- Performance nas métricas das Core Web Vitals.
5. Analytics
As atualizações no site podem quebrar a análise de eventos e conversões, pois alteram ou removem tags e URLs usadas no rastreamento. Mudanças em permissões de cookies e no carregamento de scripts também podem influenciar nos Analytics.
Sem levar isso em conta ao validar as atualizações, a equipe de marketing só descobrirá os erros quando os dashboards estiverem vermelhos. Aí, tem que correr contra o tempo para identificar o que está quebrado (e corre o risco de ficar com dias de dados ausentes).
O que observar no QA:
- Se os códigos de rastreamento (Analytics e Tag Manager) estão disponíveis em todas as páginas ou templates de páginas;
- Depois que a atualização for publicada, se os dados estão sendo contabilizados e se não há muita diferença para fontes externas.
QA para tipos específicos de sites
As dicas acima são boas práticas gerais, mas alguns tipos de site também precisam de ações específicas, devido às variáveis do próprio negócio ou da arquitetura utilizada.
Os principais são:
- E-commerces: é necessário auditar elementos da gestão de loja;
- SaaS: as aplicações web dependem de JS, o que é um desafio adicional do ponto de vista de SEO;
- Publishers: publicam com muita frequência (e, no caso de sites antigos, acumulam milhares de páginas);
- Sites internacionais: precisam gerenciar versões em múltiplos idiomas.
Veja abaixo os diferenciais de cada um.
QA de SEO para e-commerces
Os elementos adicionais que devem ser auditados em e-commerces são:
- Avaliações de produto e conteúdo UGC hospedados no site devem ser rastreáveis e exibidos corretamente;
- Paginação;
- Possíveis mudanças de de navegação;
- Boas práticas para filtros de navegação facetada (usabilidade, canonização, indexação, etc.)
QA de SEO para SaaS
As aplicações web exigem uma série de cuidados adicionais devido aos elementos carregados dinamicamente no produto. Do ponto de vista de SEO, a cada atualização, observe se:
- Páginas públicas e estáticas são renderizadas do lado do servidor sempre que possível;
- Tag noindex está presente em páginas internas, que não devem aparecer no Google (como seções que requerem login);
- Páginas canônicas estão corretas;
- Páginas criadas dinamicamente via JS funcionam corretamente;
- URLs exibem o status de resposta HTTP adequado;
- Arquivo robots.txt não está bloqueando diretórios com elementos essenciais para renderização;
- Há uma estrutura adequada de URL para páginas de documentação e histórico de versões.
Publishers
Sites que publicam conteúdo, como jornais e blogs informativos, têm um alto volume de páginas. Embora na maioria dos casos seja sempre o mesmo template, vale ter atenção devido ao fluxo contínuo de novas URLs.
Os principais elementos a considerar:
- Paginação;
- Gestão de páginas de categoria e tags (geralmente não são indexadas);
- Gestão de páginas de autores (exibe informações completas, tem link para ela em todas as matérias);
- Tag noindex;
- Validação de dados estruturados;
- Exibição correta da data de atualização de artigos;
- Implementação de paywall;
- Estrutura de URL (é ideal que não mude, para facilitar a gestão de páginas antigas).
Sites internacionais
Em sites internacionais há o desafio de SEO técnico de entregar o conteúdo correto em diferentes regiões e idiomas.
As principais considerações são:
- Implementação correta da tag hreflang;
- Riscos de duplicação de conteúdo;
- Qualidade de tradução/localização do conteúdo;
- Lógicas de redirecionamento e canonização entre as versões de página;
- Estrutura de URL clara para cada versão do site;
- Tempo de resposta de servidor para cada localização.
Mesmo com procedimentos robustos de QA, alguns erros podem escapar. É normal – o importante é diagnosticar e corrigir rápido. E, para isso, você precisa monitorar constantemente o seu site.
Um bom lugar para começar é o relatório de erros de indexação do Search Console. Verificando as páginas de erro, você provavelmente encontrará lacunas que passaram batidas pelo seu processo de auditoria e validação.
Por consequência, quanto mais atenção você tiver a esses pontos, melhores serão as suas auditorias futuras.
Não existe uma “periodicidade certa”, depende bastante da capacidade da sua equipe, da maturidade do seu SEO e da complexidade do site. Na dúvida, sempre que estiver analisando uma métrica e perceber algo fora da curva, anote e investigue depois.
É um processo bem complexo! Para facilitar, entre em contato com a SEO Happy Hour. Nosso time de especialistas já tem definidos fluxos completos para auditar atualizações em sites, apontar problemas e indicar soluções.
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