E-E-A-T é a sigla de Experiência, Expertise, Autoridade e Confiança. Estes são alguns dos principais critérios de qualidade que o Google avalia para ranquear páginas, principalmente aquelas que tratam de temas delicados, como saúde e finanças.
“Qualidade” parece algo 100% abstrato, mas pode ser quantificado com base em um conjunto de sinais, que você pode influenciar para deixar sua autoridade mais evidente para o Google.
Não há detalhes exatos sobre o processo, mas um vazamento de dados de 2024 pode conter as respostas. Shaun Anderson, especialista em SEO, está se debruçando sobre a documentação e publicou uma análise detalhada de como o Google realmente lê o E-E-A-T das páginas.
Veja abaixo uma tradução, junto com as dicas da equipe da SEO Happy Hour, com base no que realmente traz resultados.
Nota importante: toda a análise é extraoficial e provavelmente nunca será confirmada pelo Google. Estamos publicando as informações porque elas se alinham às práticas de SEO que já acompanhamos no mercado.
Entendendo o conceito de E-E-A-T
Antes de mais nada, precisamos esclarecer algumas ideias sobre o E-E-A-T, sobre o que ele é e (principalmente) sobre o que ele não é:
E-E-A-T é apenas um dos critérios de qualidade do Google;
Não influencia tanto nas pesquisas mais gerais, como receitas (mas é melhor ter do que não ter);
Não é um critério direto de ranqueamento do Google;
Você deve demonstrar o E-E-A-T e, com o passar do tempo, deixar que o Google avalie a qualidade;
Ou seja, não tem como “adicionar” E-E-A-T automaticamente a uma página.
Para entender melhor, você pode sempre relacionar E-E-A-T com construção de confiança.
No início deste ano, John Mueller, porta-voz do Google, falou sobre essas percepções equivocadas:
Às vezes, profissionais de SEO dizem que incluíram E-E-A-T nas suas páginas. Desculpa, mas não é assim que funciona. Você não pode sair colocando um pouco de experiência nas suas páginas. Isso não faz nem sentido.
Vamos imaginar que você abriu um restaurante e saiu por aí dizendo que é o melhor do Brasil.
Pode até ser verdade, mas as pessoas só vão acreditar depois de ver o seu nome em várias listas famosas, ver um monte de avaliações positivas. E, logicamente, depois de comer a sua comida e comprovar o que você disse.
Você também poderia falar que é o “melhor restaurante do Brasil” com base em pesquisas inventadas ou falsificando as recomendações…
Qualidade é um conceito essencialmente humano. E também é abstrato e subjetivo – o que é bom pra uma pessoa pode não ser bom para outra.
Por isso, as máquinas não conseguem interpretar diretamente o E-E-A-T.
Os robôs do Google não conseguem bater o olho nas credenciais de um autor e pensar “caramba, ele é especialista mesmo, tem muitos anos de experiência, vou ranquear bem o texto dele”.
Seria bom se fosse assim 😂 mas as máquinas leem e processam informação bem diferente de nós, humanos.
Os sistemas do Google dependem de sinais indiretos. São dados mensuráveis que se correlacionam com o que um ser humano entenderia por qualidade.
Em outras palavras: o Google olha para essa biografia, identifica entidades, estabelece conexões, percebe um link de rede social, observa dados estruturados, cruza essas informações com o site da SEO Happy Hour, e a partir daí pode considerar que essa pessoa existe de verdade.
A documentação da Content API Warehouse do Google, vazada em 2024, apresenta sistemas que se correlacionam com essa percepção de qualidade. Resumindo bastante, é assim:
Existe um fluxo que avalia a relevância e a autoridade de páginas para cada busca;
URLs com baixa qualidade são eliminados imediatamente;
Diferentes sinais de qualidade são avaliados para as demais páginas;
As URLs que “sobram” são avaliadas com ainda mais detalhamento.
Dentro desse fluxo está o E-E-A-T, que apresentam uma série de atributos específicos. Com base neles, é possível montar estratégias que realmente influenciam a percepção que o Google tem do seu site.
Os sinais de E-E-A-T que o Google realmente avalia
O Google considera sinais em níveis de site, de página e de autor. Também são considerados os tipos de interação com a página, medidos por cliques através de sistemas como o Navboost.
Com base na documentação, Shaun Anderson criou a tabela abaixo (e eu traduzi). “Possíveis atributos” são os sinais que o Google quantifica. É a partir deles que os algoritmos interpretam e compreendem o E-E-A-T. Infelizmente, não há detalhes específicos sobre cada atributo.
Reduzir spam, ter identidade verificável e promover boa experiência de página
Agora, vamos aos detalhes de cada item do E-E-A-T e dos sinais que o Google consegue avaliar sobre eles.
Sinais de Experiência
Experiência é a experiência prática demonstrada em um conteúdo.
Por exemplo, uma avaliação de produto que inclui fotos reais e uma experiência detalhada. Ou um guia de SEO que traz o passo a passo de como uma estratégia foi implementada.
Os sinais que o Google pode avaliar são:
Esforço (contentEffort): essencialmente, quantifica a dificuldade em replicar o conteúdo de uma página. Quanto menos esforço, mais genérico é o conteúdo, e pior tende a ser sua classificação;
Originalidade (originalContentScore): indica que o conteúdo traz informações que não estão em outros sites, como histórias pessoais e pontos de vista únicos;
Autoria (isAuthor/Author): são dados sobre o autor do conteúdo. Se ele publica conteúdo de alta qualidade com frequência, o sistema entende que ele tem experiência;
Data de atualização relevante (lastSignificantUpdate):é a identificação de uma revisão intensa do conteúdo – mais do que simplesmente trocar a data do post de “2025” para “2026” e só;
Conteúdo multimídia (docImages): presença de imagens originais e relevantes, que não estão em outros documentos.
Para certos tipos de conteúdo, como avaliações de produtos, há critérios ainda mais granulares.
Sinais de Expertise
Expertise é o domínio técnico sobre algum tema, sem necessariamente envolver a experiência prática.
Por exemplo, para um conteúdo sobre “dói arrancar o siso?”, um dentista pode explicar a parte técnica. Mas ele não pode falar realmente do ponto de vista de um paciente leigo que senta na cadeira.
Os atributos avaliados pelo Google são:
Autoridade tópica (siteFocusScore, siteRadius, site2vecEmbeddingEncoded): são análises sobre os tópicos abordado em cada página e no site como um todo. Quanto mais especializado o conhecimento, melhor, pois indica mais coerência e um conhecimento mais aprofundado;
Compreensão semântica (EntityAnnotations, QBST): permite ao Google entender os assuntos principais da página e quais expressões se espera que estejam em destaque na página;
Linkagem interna (onsiteProminence): sinal que avalia a proeminência daquela página no site, por meio da relação de links entre os conteúdos do site. Serve para entender quais URLs são consideradas as mais importantes sobre o tema dentro do domínio;
Esforço (contentEffort, ugcDiscussionEffortScore): olha o esforço de novo! Dessa vez, é para entender se o site proporciona discussões de alto nível, o que contribui para a expertise que ele apresenta;
Classificação de YMYL (ymylHealthScore, ymylNewsScore, chard): identifica se a página aborda temas sensíveis e quais são eles, o que resulta em avaliações diferentes de qualidade;
Experiência local (geotopicality): possivelmente é um atributo para identificar áreas específicas, para identificar um conhecimento mais nichado sobre aquele local.
Um ponto interessante é que, aparentemente, o Google usa vetorização para estabelecer um “perfil” de URLs e sites. Ou seja, o conteúdo em texto é convertido em sequências numéricas, que podem ser comparadas para entender quão bem uma página aborda determinado assunto.
Sinais de Autoridade
Autoridade representa a reputação geral de uma marca. Segundo a documentação vazada, a análise é feita por sinais em nível de site.
Por exemplo, quando o assunto é “saúde”, hospitais renomados, como o Albert Einstein, são referência. E para políticas públicas, os sites do governo.
Veja alguns dos sinais que o Google pode considerar:
Histórico do site (predictedDefaultNsr): essa pontuação indica que o Google mantém um “histórico” de qualidade do site, que favorece quem produz bons conteúdos com consistência;
Sinais gerais de qualidade (siteAuthority, nsrDataProto): pontuação que agrega dados sobre perfil de backlinks do site, qualidade de conteúdo e engajamento dos visitantes;
Autoridade baseada em links (Homepage_PageRank, PageRankPerDocData): é aquilo que profissionais de SEO já sabem bem – sites que recebem bons backlinks são vistos como autoridade;
Autoria e marca (authorObfuscatedGaiaStr, queriesForWhichOfficial): são medidas diretas de reputação do autor, por meio de uma análise da entidade que está publicando a matéria. “queriesForWhichOfficial” é um sinal bem específico, que marca as pesquisas para as quais aquele artigo é a resposta definitiva e oficial;
Escopo do portal (isLargeChain, siteSiblings): são classificações de acordo com o tipo de site, como uma marca nacional, um pequeno negócio, e o número de propriedades associadas ao site.
Também são aplicados modificadores, como authorityPromotion e unauthoritativeScore, para recompensar os sites de maior autoridade no Google.
Se você quiser estudar os sinais de autoridade mais a fundo, vale a pena aprender sobre entidades. Dentro de SEO, as entidades representam algo que existe no mundo real. É por meio delas que o Google entende quem são e o que significam conceitos, pessoas e organizações.
Sinais de Confiança
Confiança (ou confiabilidade) refere-se à publicação de informações corretas e de qualidade, e ao aspecto técnico e de experiência do site.
Os aspectos de qualidade possivelmente avaliados pelo Google são:
Qualidade geral (scaledSelectionTierRank): é a primeira avaliação de qualidade, que ocorre já no momento da indexação. Páginas de baixa qualidade são pouco confiáveis, por isso têm a visibilidade reduzida;
Qualidade de conteúdo (pandaDemotion): o atributo tem o mesmo nome do algoritmo Panda, um dos mais famosos sistemas de qualidade do Google. Ele penaliza sites com conteúdo raso ou duplicado.
Comportamento do visitante (GoodClicks e BadClicks, navDemotion, serpDemotion): as interações positivas (clica e fica muito tempo na página) e negativas (clica, fica pouco tempo e volta ao Google) podem tornar um site menos confiável para o Google;
Experiência de página (clutterScore): “clutter” é a palavra em inglês para bagunça. Aqui, significam elementos de layout que atrapalham a leitura do conteúdo;
Ausência de spam (KeywordStuffingScore, GibberishScore, anchorMismatchDemotion): é a punição de técnicas claramente mal intencionadas, como uso de excesso de palavras-chave, texto sem sentido para tentar manipular o algoritmo, e linkagens que levam para sites totalmente diferentes do que o texto do link sugere;
Verificação de identidade (brickAndMortarStrength, cluster, wrapptorItem, hours): são aplicadas para sites que existem também no “mundo real”, como redes de lojas ou negócios locais.
Como melhorar o E-E-A-T do seu site?
Para demonstrar os sinais de E-E-A-T nas suas páginas, você precisará investir nas frentes de qualidade de conteúdo, SEO técnico, experiência de página e reputação de marca.
Com base nos atributos e sinais acima, selecionamos uma lista de dicas acionáveis para você melhorar o E-E-A-T do seu site:
Content pruning
O content pruning (ou poda de conteúdo) serve para remover ou atualizar páginas ruins. Elas podem impactar a percepção de qualidade sobre o seu domínio, então o ideal é sempre revisar o que está postado, mantendo só o que realmente interessa. Pode ser um processo semestral ou anual, dependendo do volume que você publica.
Informe a autoria do site
Apresente claramente os autores do seu site. Você pode fazer de três formas: com dados estruturados, incluindo biografias de autores nos posts, e criando uma página de “sobre” do site. Torne os autores visíveis, inclua links para as redes sociais (deles e da empresa) e escreva uma biografia que se conecte às entidades centrais do seu site;
Aqui, nem tem muito o que explicar – ninguém gosta de spam, nem o Google. Revise as políticas de spam do Google e remova todas as páginas que podem se enquadrar nas definições que estão ali.
SEO técnico são todas as melhorias na “infraestrutura” do site. Envolve uso adequado de JS, melhoria de performance, implementação de dados estruturados, canonização de URLs, entre outras ações que tornam o seu site mais claro para os robôs do Google.
Publique informações originais
Repense a sua estratégia de conteúdo para evitar as informações que um chatbot de IA já entrega.
O Google prioriza sites que publicam informações novas – e tem até uma métrica para recompensar essas páginas, o information gain score.
Podem ser pesquisas inéditas, novas abordagens ou o seu ponto de vista sobre algum assunto.
Vale lembrar que as melhorias devem acontecer no site como um todo e não só dentro das páginas. Se fizer só um ou outro, os resultados podem demorar a vir.
Também é importante lembrar que, embora o E-E-A-T tenha mais ênfase em sites YMYL, as boas práticas se relacionam com outros aspectos de um bom SEO.Por exemplo, a experiência de página proporciona melhorias gerais nos resultados, assim como o conteúdo de qualidade.
Portanto, independentemente dos temas que você aborda, vale a pena investir nas ações acima. Os benefícios são amplos e podem te ajudar inclusive nas suas estratégias para IA.
E fica melhor ainda se você investir com o apoio de profissionais em SEO. Muitos detalhes de SEO são extremamente específicos e, como são muitas frentes, pode ser difícil entender o que de fato priorizar.
Elyson Gums é redator na SEO Happy Hour. Trabalha com redação e produção de conteúdo para projetos de SEO e inbound marketing desde 2014, em segmentos B2C e B2B. É bacharel em Jornalismo (Univali/SC) e mestre em Comunicação Social (UFPR).
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