SEO é suficiente para aparecer nas IAs. Esta é a posição de boa parte do mercado – inclusive de Gary Illyes, engenheiro do Google e porta-voz da Pesquisa Orgânica. Mas, será que é mesmo?
É mais ou menos por aí, mas a questão tem mais nuances do que parece.
O resumo da coisa toda é que SEO é o fundamento da otimização para IAs, pois muitas estratégias são literalmente as mesmas. Por exemplo, criar conteúdo de valor, otimizar rastreamento, implementar JavaScript corretamente, etc.
No entanto, o comportamento das LLMs e dos buscadores tradicionais é diferente. Aí, surgem especialistas vendendo serviços “novos” para aumentar a visibilidade em plataformas como ChatGPT e Perplexity. Na prática, elas estão sob o guarda-chuva de SEO.
A lógica de Gary Illyes e de outros especialistas é: “você não precisa contratar um serviço totalmente diferente, porque a área de SEO já está bem preparada para lidar com a visibilidade em IAs”.
Neste post, vamos explicar em detalhes por que isso acontece e quais são as diferenças entre SEO e GEO (além de outras siglas, como LLMO e AEO, que você já deve estar vendo por aí).
Para o Google, basta fazer SEO
A posição oficial do Google é de que enquanto houver sites, há necessidade de SEO. E, mesmo saindo da pesquisa tradicional para a busca com IA, as técnicas são essencialmente as mesmas.
Diversas fontes compartilham essa visão:
O Bing compartilha do mesmo ponto de vista. Fabrice Canel, gerente de produto do buscador, informou que a otimização para IAs segue as mesmas práticas de SEO.
Profissionais já explicaram diversas vezes que sites devem ter bom conteúdo, responder a dúvidas reais da audiência, apresentar boa experiência, uso de dados estruturados adequados e boa performance técnica.
A visibilidade de IA até é influenciada por outros fatores, mas, de modo geral, as estratégias “comuns” de SEO também permitem se preparar para elas.
Por exemplo, sabemos que as IAs preferem citar sites com alta autoridade e marcas que recebem menções em diversos sites da internet. Embora isto até seja novidade, SEO já lida com esses conceitos faz tempo – por meio de métricas como autoridade de domínio, backlinks, digital PR, entre tantas outras.
Os conceitos de SEO e GEO
Quando os chatbots de IA ganharam força, surgiram diversas “siglas” diferentes para substituir o SEO. A ideia é que elas explicariam melhor a ideia de otimizar para IA. GEO, ou otimização para mecanismos generativos, é o mais popular.
Depois foram surgindo várias outras siglas. Virou uma verdadeira sopa de letrinhas:
- SEO é otimização para mecanismos de busca (como o Google);
- GEO é otimização para mecanismos generativos (Como o ChatGPT);
- AEO é otimização para mecanismos de perguntas (como AI Overviews);
- LLMO é otimização para LLMs (modelos de linguagem de grande escala, como ChatGPT ou Gemini).
A ideia é vender serviços focados na otimização para IA, com estratégias exclusivas e que, na teoria, fariam as marcas aparecerem mais.
Mas, na prática, todas as siglas seguem o mesmo funcionamento: tornar um site mais visível quando as pessoas pesquisam informações na internet.
É a mesma base do SEO tradicional, sem tirar nem pôr:
Seguindo as boas práticas de SEO, você está no caminho certo para aparecer nas IAs, sem a necessidade de contratar serviços adicionais de GEO, AEO, LLMO, ou o que for.
As semelhanças entre SEO e GEO
As LLMs dependem de conteúdo e as páginas da web estão entre os principais materiais de treinamento de novos modelos de IA.
É por isso que SEO se “traduz” tão bem para o contexto dos mecanismos generativos: a melhor forma de ter conteúdo sobre a sua marca na internet é você mesmo postando. E a melhor forma de fazer esse conteúdo ser encontrado é por meio das práticas de SEO.
Talvez no futuro não seja assim, mas ainda estamos longe de ver mudanças nesse paradigma.
Neste processo todo, existem vários conceitos que estão presentes em SEO e também em GEO. Por exemplo:
- Palavras-chave: buscar termos, expressões, conceitos e entidades que as pessoas frequentemente pesquisam (no Google ou em mecanismos de IA);
- Conteúdo: de alta qualidade, contextual e que responde claramente à intenção de busca;
- Redação: os conteúdos devem ser facilmente lidos e escaneáveis por visitantes e robôs;
- Distribuição: os conteúdos são postados em locais facilmente acessíveis, como o site da empresa, sem restrições de acesso a rastreadores;
- Autoridade: construção de uma marca sólida em diversos canais;
- Aspecto técnico: sites que carregam rapidamente, têm JavaScript otimizado e oferecem boa experiência de página;
- Testes: testes A/B e mapas de calor para analisar interação com os sites e avaliar o resultado das estratégias.
Tudo isso está detalhado nos principais tutoriais de GEO. Aliás, desde o surgimento do termo, em 2024, profissionais de SEO já torcem o nariz, porque tudo é muito parecido com SEO.
Neste tipo de tutorial, você verá diversas ações de GEO que já fazem parte do portfólio de trabalho de SEO, como:
- Revisar os dados estruturados das páginas para oferecer informações contextualizadas às LLMs e mecanismos de busca;
- Construir autoridade por meio de menções relevantes à marca e da criação de conteúdo compartilhável e fácil de ler;
- Atualizar o conteúdo das páginas para oferecer informações atualizadas quando as LLMs acessarem as suas URLs;
- Indicar claramente as entidades das suas páginas por meio de links internos relevantes e conteúdos bem estruturados.
Essas são tendências de GEO que compartilhamos na nossa newsletter em dezembro de 2024, mas que já executamos para os nossos clientes há muitos anos, dentro do nosso serviço de consultoria de SEO.
As diferenças entre SEO e GEO
Beleza, estou falando faz um tempão que GEO e SEO são a mesma coisa… Mas é tudo literalmente igualzinho? Na verdade, não.
Veja abaixo algumas nuances que devem ser observadas.
1. Menções sem links também importam
Em SEO, historicamente os links são uma das principais formas de medir a autoridade de um domínio. Isso tem base no RankBrain, um dos principais algoritmos do Google. Ele usa os links para um site como forma de “validar” uma referência.
Nas LLMs, as palavras, tópicos e conceitos que aparecem nas páginas e próximos aos links importam mais, pois podem fortalecer a marca dentro de uma determinada rede de sentidos.
No caso das AI Overviews, as menções sem link estão entre os principais fatores que tornam uma marca mais visível.
2. Links ruins importam menos
Sabe aqueles links esquisitinhos, de sites suspeitos, com pouca relevância para sua marca ou pro nicho onde você atua?
Eles já eram ruins para SEO e são piores ainda para as LLMs. 🌚
Os links devem ser contextualizados, com palavras, expressões, conceitos e entidades diretamente relacionados à empresa.
Caso contrário, a LLM não entenderá corretamente o que significam e como essas fontes de informação se relacionam com a sua empresa, o que pode influenciar na visibilidade.
3. Diferentes conteúdos impactam a visibilidade
LLMs e mecanismos de busca tradicionais “gostam” de tipos diferentes de conteúdo, dependendo de qual prompt as pessoas fazem.
Falando de forma bem resumida:
- As IAs priorizam documentos, artigos e páginas principais (de sobre, páginas de produto, home page, etc.) de sites;
- Elas evitam citar listas, imagens e conteúdos interativos;
- Além disso, as fontes devem ser claramente identificáveis.
O gráfico abaixo, publicado no evento Brighton SEO, apresenta as fontes de tráfego para os principais tipos de conteúdo.
Abaixo, você pode ver os tipos de conteúdo mais frequentes no Gemini, AI Overviews, Perplexity e ChatGPT. Wikipedia, portais de notícias e blogs se destacam como fontes, mas cada ferramenta tem os seus tipos preferidos de conteúdo em cada categoria.
4. A estrutura dos documentos também importa
Além das páginas, as LLMs frequentemente acessam arquivos, como PDFs hospedados em um domínio. Logo, ao publicá-los, é necessário considerar a forma como eles são exibidos e lidos.
O mesmo vale para páginas. Imagine uma URL em que você precisa clicar em “leia mais” para ver todo o conteúdo, e outra em que tudo é exibido imediatamente. As LLMs preferem a segunda opção. Até existem agentes de IA capazes de “usar a internet” como um ser humano, mas é um processo mais complexo.
Nesse contexto, há estruturas de informação que os robôs conseguem ler mais facilmente. Elas dividem o conteúdo entre “blocos” de texto, que podem ser complementados com informações extras sobre a empresa, como datas e nomes de empresas.
Tudo isso torna os resultados mais precisos e aumenta as chances de a IA citar a sua empresa nos momentos certos.
5. LLMs treinam em dados que não impactam SEO
Este é um ponto importante: conteúdos que “não têm valor” para mecanismos de busca são usados pelas IAs. É o caso de dados públicos do Github, plataforma específica para programadores.
Possivelmente no futuro teremos otimizações em repositórios e bases de conhecimento desse tipo, para que passem a incluir também informações contextualizadas sobre marcas e produtos.
6. LLMs não renderizam JavaScript
Outra diferença relevante entre SEO e GEO: mecanismos de busca conseguem renderizar JavaScript. Já os rastreadores de mecanismos generativos populares, como o ChatGPT, não o fazem.
Assim, se o conteúdo depende de JavaScript renderizado do lado do cliente, ele é efetivamente invisível para as IAs. Possivelmente isso mudará em breve, mas por enquanto, disponibilize conteúdo através de renderização do lado do servidor quando possível.
De forma geral, crawlers de IA são mais limitados do que os de mecanismos de busca tradicionais. O JavaScript é apenas um dos aspectos.
Nosso veredito: faça SEO!
SEO está mudando, mas não está morrendo. Você pode até ter lido que o “Google morreu, a Gen Z só pesquisa na IA e no TikTok”, mas isso é tudo bobagem.
Quer dizer, as pessoas de fato estão pesquisando mais nesses canais, mas o Google vai muito bem, obrigado.
E, em todos os mecanismos de busca, a regra é clara: SEO resolve. As estratégias precisam de adaptação, mas até aqui todos os desdobramentos ainda caem no guarda-chuva da otimização para mecanismos de busca.
Até por isso a maioria das empresas confia nos profissionais de SEO para conduzir a adaptação a um contexto de Inteligência Artificial cada vez mais presente no dia a dia.
Isto acontece porque construir visibilidade nos mecanismos generativos é muito parecido com fazer SEO. O segredo está em gerenciar rastreamento e indexação, tornar o conteúdo legível para humanos e máquinas, construir marca e tudo o mais.
Sempre que houver alguém buscando informações, haverá estratégias de otimização – e SEO é sobre isso, mesmo quando as pessoas não estão pesquisando no Google.
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